quarta-feira, 12 de setembro de 2012

Desabafo - por Letícia da Matta


Eu sempre achei que o mundo fosse uma caixinha de surpresas, que se você queria se surpreender, bastava não esperar por nada. Engano meu.

Percebi que todas as vezes que eu esperei por alguma coisa, eu me surpreendi em dobro. Dizem os entendidos que isso se chama frustração. Eu concordo.

Eu me sentia muito forte e onipotente diante das minhas amigas resmungonas, que vinham me pedir conselhos amorosos. Eu tinha todas as respostas na ponta da língua. Eu sabia tudo!

Aí eu te conheci... E descobri que na verdade, eu não sabia de nada.

Eu, que sempre fui muito egoísta, coloquei planos, sonhos, vontades e problemas de lado pra viver a sua vida. Da sua maneira. Do jeitinho que você queria que eu vivesse. Eu fiz tudo que você quis. Até cuidar de você e dos problemas deixados por outro alguém, eu me submeti a fazer. Agora eu me pergunto: O que você fez por mim? Quando você se adaptou a minha vida? Quando você fez o que eu queria que você fizesse?

A resposta é clara e infelizmente triste: NUNCA.

Você nunca foi o cara que eu merecia ter ao lado. Nunca foi o modelo de pessoa que merecia participar da minha vida. Que merecia todo o meu amor dado de bandeja. Que merecia todo o esforço que eu estava fazendo simplesmente pra não te perder.

Eu merecia mais do que você me ofereceu. Eis o problema. Desde quando o que a gente merece é aquilo que a gente quer?

Realmente, você não me merecia. Mas eu queria você e ninguém mais... E foi de tanto te querer, de me moldar a sua forma, que eu acabei esquecendo a pessoa mais importante pra mim... Eu mesma. Eu nunca fui eu mesma com ninguém, a não ser com você. Eu não tinha medo do que você pensaria a meu respeito, que me achasse fraca, tola... Eu sabia que você iria me olhar e rir... Rir por saber que eu era sua e sem medo.
Você conhece minha alma. Via todos os meus sentimentos quando fixava seu olho no meu. E quando você me abraçava pra dormir, e a sua pele se arrepiava quando entrava em contato com a minha, era como se tudo o que eu sentia era correspondido à altura. Só que não.

Não é engraçado? Não é engraçado como uma única verdade faz todo resto parecer mentira? A verdade é que você não gostava mesmo de mim. Se gostasse tinha feito pra mim, tudo o que eu fiz por você. Tinha chorado comigo. Tinha dado risadas aleatórias comigo. Tinha se adaptado a minha maneira louca de ser. Tinha vivido a nossa vida.

Eu ainda me pego te mandando mensagens quando você nem está ali pra responder. E quando eu vou dormir, eu sonho com a sua resposta. Acordo e vejo que nada aconteceu. É frustrante. É frustrante ver que sou incapaz de parar de te amar. Eu me sinto fraca, tola, inútil, idiota, ridícula... Eu me sinto vazia sem você. E quando eu saio pra encher a cara e me dar um pouco de diversão, meus olhos ficam aflitos procurando seu carro passar por aquela rua. Não que eu queria que você visse o quanto eu estou feliz ali, me divertindo entre amigos... Mas que você veja que a minha vida continuou independente da sua presença.

Mal sabe você que todas as noites eu juntos os cacos que sobraram de mim desde o dia que você foi embora... Que eu ainda choro quando me lembro da última vez que pude te chamar de meu... Que você não vai me ligar e nem aparecer no final do dia pra me abraçar e passar a noite conversando e fazendo planos...

O que eu posso dizer pra você agora? Você me fez esquecer o meu passado triste pra ser feliz com você no futuro. Você só esqueceu que o futuro nunca chega... A única coisa que se pode alcançar é o presente. Meu presente é seu... Era seu. Eu nem sei mais. Mas eu espero que você seja muito feliz comigo ou não. E gostaria que você soubesse que a vida é linda agora que você faz parte do mundo. Mas já foi perfeita quando você fez parte do MEU mundo...

quarta-feira, 6 de junho de 2012

Por Tati Bernardi II

Tenho muitos amigos homens. Que me contam como enganam e traem suas mulheres, suas namoradas, suas peguetes da semana. Que me dizem como transam com várias mulheres da mesma empresa. Que narram, tranquilos, como perseguem enlouquecidos uma moça até finalmente enjoarem dela, depois de uma semana de sexo selvagem. Adoro meus amigos, mas jamais perderia o tempo namorando com eles. Adoro vocês, homens, sempre tão espertos, inteligentes, cínicos, piadistas, descolados, sexuais e livres. Adoro tanto que me tornei uma cópia quase idêntica, não fosse pelo meu útero carente e pelo meu decote que ainda grita, pedindo que eu seja um pouco feminina. Um pouco!

terça-feira, 5 de junho de 2012

Por Tati Bernardi

E mais uma vez, eu abri uma página sua de uma rede social e fiquei olhando sua foto. Como eu já sorri olhando praquilo, você não tem idéia. Mas das ultimas vezes, infelizmente não era sorrindo que eu olhava, era com desanimo, com saudade e mágoa misturadas. Porque você tinha que morrer? Porque você tinha que matar tudo que eu sentia? Me obrigar a morrer também. Me obrigar a fingir estar viva pra todo mundo. Me obrigar a não chorar, quando tive vontade de chorar. Vontade de te esmurrar, te dizer que você é um idiota, um babaca, um cretino, um fraco, nunca passou disso. Nunca uma piada sua foi engraçada, nunca você me surpreendeu. Nunca. Mas eu não consigo deixar de pensar em você, a cada dia, a cada ato meu. E quando eu procuro outras pessoas, eu procuro imaginando você me vendo. E tendo ódio de mim. Porque eu quero que sinta ódio. Porque ódio significa alguma coisa, e é melhor que indiferença. Você que já foi tudo, já foi minha esperança, foi meu futuro imaginado, hoje não é nada. Não passa de uma foto numa rede social. Se eu vivo bem sem você, porque eu continuo te olhando? Porque eu sempre volto aqui? Porque eu ouço musicas que falam de tristeza? Por quê? Você não vale isso. Mas eu faço. Eu continuo fazendo. Como uma cerimônia de luto, eu sigo a risca. Mas acontece que você não morreu de verdade, do jeito que eu preferia que morresse. Você está ai vivo, vivendo sua vida, fazendo suas coisas, feliz, tranqüilo, sem sentir minha falta, sem olhar minha foto em rede social. Porque eu não consigo? Porque você não podia ser alguém? Eu esperei muito de você? Não. Eu não esperei nada, eu entendi tudo, eu entendia o que ninguém entenderia. Eu respeitei. Eu fiz como você quis. Tudo. Eu me anulei. Eu deixei de me amar, pra todo meu amor ser só seu. Eu voltei atrás. Eu chorei, eu pedi desculpas, eu agüentei besteiras. Agüentei tudo. Ajuntando do chão, migalhas do seu carinho, migalhas do seu amor. Do seu jeito explosivo e calmo. Um dia me amando como se a terra fosse acabar depois da meia noite. No outro dia um desconhecido me pedindo pra tratá-lo como qualquer um, por favor. Você é meu personagem favorito. O dono de todos os meus textos, de todas as minhas histórias. O dono da curvinha das minhas costas. E eu tenho que dizer isso agora, só pra uma foto numa rede social. Porque você morreu na minha vida. Você pediu demissão, seu cargo era o de presidente, era membro honorário do conselho, tinha tapete vermelho e eu me vestiria até de secretária se te agradasse. E você pediu demissão, sem aviso prévio nem nada. Me diz agora? Como viver bem? Como sobreviver, sem essa ponta de angustia? Eu sou feliz, cara. Eu sou feliz demais. Mas eu sou infeliz demais, quando penso em você. Quando penso no que poderia ser, no que poderia ter sido. Eu sei que não dá. Eu nem quero que dê. Não quero mais. Mas não sei o que fazer com esse nó. Vai passar né? Eu sei. Com o tempo eu não vou mais olhar sua foto, nem sofrer, nem pensar o quanto é infeliz tudo o que aconteceu. Tomara que passe logo. Porque a vontade de te ressuscitar as vezes, me domina.

quarta-feira, 23 de maio de 2012

Você também

Foda-se o que foi dito, foda-se o que foi calado.
Foda-se o que foi esquecido, foda-se o que foi lembrado.
Foda-se o que foi reprimido, foda-se o que foi expressado.
Foda-se o que foi escolhido, foda-se o que foi rejeitado.
Foda-se o oprimido, foda-se o revoltado.
Foda-se o absolvido, foda-se o condenado.
Foda-se o coração partido.
Foda-se o coração amado.


Foda-se a lealdade, 
Já não penso em mais ninguém.
E se é pra falar a verdade,
Foda-se você também.